quarta-feira, 5 de março de 2014

A Influência de Charles Perrault na literatura infantil

"A Bela Adormecida no Bosque", "Chapeuzinho Vermelho", "O barba azul", "O gato de botas", "As fadas", "A gata borralheira ou O Sapatinho de cristal, "Ricardo do topete", "O pequeno polegar", são algumas histórias desse que é considerado o iniciador dos contos de fadas para crianças, Charles Perrault.
Originários, em sua maioria, do folclore francês, estes contos eram destinados aos adultos, e transmitidos oralmente como entretenimento à imensa maioria que não sabia ler, ou seja, às camadas mais pobres da população. Ao serem recolhidos da literatura oral, foram adaptados literariamente pelo escritor, que eliminou motivos que pudessem chocar seus leitores, incorporou elementos de sua época e integrou aspectos da cultura popular, reelaborando estas narrativas de forma a que alcançassem o estatuto de obras-primas da literatura universal. Reescritas por Perrault, estas narrativas foram publicadas como leitura para crianças.
Embora estas obras tenham sido apresentadas às crianças, os contos de fadas eram também apreciados por adultos letrados, aos quais se destinavam as moralidades incluídas ao final de cada um deles. Já a moral, interligada dentro do enredo dos contos, poderia ser percebida segundo o grau de penetração dos que os lêem.
Perrault deixa claro o caráter duvidoso de certas relações, como em “Chapeuzinho Vermelho” na passagem em que, fazendo-se passar pela vovó, o lobo lhe diz: "Ponha o bolo e o potinho de manteiga em cima do armário e venha deitar-se comigo." E Chapeuzinho, então "tirou a roupa, deitou-se na cama, e ficou muito surpresa ao ver como a sua avó era quando estava só com roupa de baixo". A narrativa é acompanhada de uma moral, cuja mensagem nos induz a pensar nesse lobo, não somente revestido de conotação infantil, que serve como intimidador no caso de desobediência das crianças, mas sim como o galanteador, o homem que usa da sedução para enganar as belas moças indefesas. A moral, então, alerta sobre o perigo que esse estereótipo masculino oferece.
             Em "A Bela Adormecida no bosque" também encontramos uma passagem que insinua a relação amorosa entre o príncipe e Bela Adormecida ao afirmar que, após a cerimônia de seu casamento eles "dormiram pouco, a princesa não necessitava muito de repouso, e o príncipe a deixou assim que amanheceu para voltar à cidade". 
São situações também muito comuns em vários contos infantis a presença das madrastas (uma vez que muitas mulheres morriam no parto nessa época) que causavam muitos infortúnios na vida de suas enteadas, gerando submissão e rebeldia.
É importante ressaltar a importância dos contos de fadas para o ser humano, sobretudo, no início da vida: os contos trazem a magia, alimentam a imaginação, ajudam a encarar os problemas da vida e, por vezes, trazem a esperança de dias melhores. E ainda hoje esses contos continuam a ser encantadores para adultos e crianças, que podem acreditar, pelo menos na fantasia, que é possível viver feliz para sempre.
            Os contos ainda trazem consigo conotações morais e pedagógicas, impulsionadas por um senso de moral muito forte. Portanto, é possível observar que os textos de Perrault preocupavam-se com a transmissão de valores e normas de comportamento. Na maioria das vezes, isso se dava de forma ingênua, mas acabava - e até hoje acaba - tendo uma função utilitária.



Nenhum comentário:

Postar um comentário